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Muitos não conhecem o Sr. Hayashi Nampachi,  TPS Sensei da Toyota.

Hayashi san foi um dos últimos discípulo diretos do celebre criador do TPS, Taiichi Ohno.

Eu tive a honra de conhecê-lo em uma de suas visitas a Toyota do Brasil, em 2011, na planta de São Bernardo do Campo, e como não poderia deixar de ser, o Sr. Hayashi veio para nos ensinar sobre o TPS. Na época, eu trabalhava na usinagem e montagem e havia realizado vários Kaizens para aumento de produtividade e para solucionar vários problemas ergonômicos.

Recentemente, assistindo a uma palestra do Sr. Hayashi do ano de 2018 sobre o TPS, uma de suas afirmações me deixou bastante intrigado!

A afirmação foi a seguinte:

“O TPS não deveria se chamar TPS (Toyota Production System), foi um engano!”.

“Deveria ser TPDS (Toyota Process Development System)”.

O Sr. Hayashi havia afirmado que o nome “TPS – Sistema Toyota de Produção” foi criado e aprovado o uso pelo próprio Sr. Taiichi Ohno, e desde então preconizado em todo o mundo.

Mas por que o Sr.Hayashi fez esta afirmação, contrariando o seu Mentor Taiichi Ohno?

Por que deveria ser TPDS???

Para entendermos, primeiro vamos falar dos conceitos fundamentais.

O TPS é baseado em 2 pilares:

O Jidouka e o Just in Time.

O Jidouka é a autonomação (Qualidade no Processo):

  • Parar automaticamente caso ocorra qualquer problema => A Qualidade deve ser construída dentro de cada processo. Nenhum defeito deve passar para o processo seguinte.
  • Separa o trabalho do homem e da máquina => Não deixar o homem esperando mas utilizar ao máximo a Mão de Obra do Homem.
  • Processos à prova de erros.

O Just in Time (Peça Certa, Quantidade Certa, Tempo Certo):

  • Planejamento do “Takt Time”.
  • Fluxo Contínuo.
  • Sistema Puxado.
  • Troca Rápida.
  • Integração da Logística.

Ao aplicarmos consistentemente a metodologia baseada nos 2 pilares do TPS, podemos atingir nossos objetivos de satisfação do cliente ao garantirmos produtos de alta qualidade, na quantidade adequada e no tempo adequado!  É importante lembrar que a metodologia baseada nestes 2 pilares é a base para reduzirmos consistentemente custos relacionados aos desperdícios no processo produtivo.

Mas só isto garante que o TPS funcione?

A resposta é “não”.

Antes de erguermos os pilares temos que ter uma base sólida! Que só é consolidada através de gestão visual, estabilização, padronização de processos e nivelamento de produção.

Mas além de tudo isto, a implantação Lean em uma empresa depende das pessoas que realizam esta transformação em seus processos.

Porém, a grande sacada que o Sr. Hayashi nos mostra aqui com esta mudança no tão estudado e tão preconizado TPS, para TPDS, tem relação direta com o TOYOTA WAY.

O TOYOTA WAY foi criado em 2001, num cenário de elevado crescimento da empresa e implantação de várias novas fábricas fora do Japão. O então presidente, Fujio Cho, o publicou e o difundiu em todas as fábricas, para frear o enfraquecimento da cultura corporativa da Toyota nessa fase de expansão.

Com esta publicação, Fujio Cho definiu o DNA da Toyota, identificando e resumindo elementos singulares da cultura e do sucesso da Toyota.

O Toyota Way é formado por 2 pilares:

  • Melhoria Contínua
  • Respeito pelas pessoas

Dentro destes 2 pilares são delineados os Valores Gerenciais e os Métodos do Negócio, que levaram e levam a Toyota a obter tanto sucesso e a ser o modelo mais copiado nas empresas no mundo.

No TOYOTA WAY  fica claro como a Toyota se tornou um DESENVOLVEDOR DE PROCESSOS.     A cada dia, diante de clientes cada vez mais exigentes, e à forte concorrência, os funcionários são desafiados por seus superiores a melhorar suas atividades e a atingir os resultados nos negócios.

A valorização das pessoas é fundamental para que processos sejam cada vez mais enxutos (Lead Time e Qualidade) de maneira sagaz e consistente:

  • Enxergando as necessidades dos nossos clientes.
  • Olhando a concorrência, entendendo os desafios do mercado, e desafiar nosso negócio.
  • Treinando, desenvolvendo e valorizando os nossos colaboradores.
  • Respeitando a sociedade.

O Modelo de Negócio da Toyota é um modelo dinâmico em que líderes e funcionários, diante dos desafios do mercado, são desenvolvidos a cada dia e geram novas propostas de Kaizen em seus processos, que são ponto de partida para novas propostas.

Por esta razão é que o Sr. Hayashi Nampachi chegou a esta conclusão:

O nome TPS foi um engano, pois o Modelo Toyota não é apenas um Sistema de Produção (TPS), mas sim um Sistema de Desenvolvimento de Processos (TPDS), ele é vivo e está em constante desenvolvimento, e eu diria até que falta mais um “P”, de Pessoas (TPPDS – Toyota Process and People Development System).

Concluindo:

Estamos chegando ao final da pandemia do Corona Vírus e nossas vidas foram tremendamente modificadas – usos de máscaras, trabalho em casa, muitos perderam seus empregos, confinamento, convivência 24 hs com a família. Creio que muitas reflexões e mudanças surgiram na vida de cada um que está lendo este artigo. Em nossas empresas e nossos negócios: como temos tratado nossos clientes, nossos funcionários, nossos parceiros, nossos concorrentes – e também à sociedade – o que temos feito para deixar um legado?

O que você acha de parar agora antes da pandemia terminar, 2, 3 dias, uma semana para pensar nos seus valores, e colocar no papel o que você quer deixar para o seu próximo, sejam eles seus filhos, seus amigos, seus funcionários, seus parceiros, seu bairro ou cidade.

Pense nisto!

 

Eizo Hanao* – e.hanao@br.honsha.org

*Eizo possui mais de 17 anos trabalhando na Toyota do Brasil e do Japão. É especialista em usinagem, forjaria e tratamento térmico. Implementou linhas de produção lean, programas Kaizen, geriu planos de desenvolvimento de equipes e automação de processos.

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